quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Percepções públicas


Desenvolvimento científico X nível de interesse da população brasileira.

Pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) relaciona o desenvolvimento científico do país com o nível de interesse dos brasileiros.

Para tentar compreender como o brasileiro avalia a ciência, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em parceria com a Academia Brasileira de Ciências, promoveu uma pesquisa para avaliar a percepção pública da ciência e tecnologia no Brasil.

Marcelo Knobel, professor do Instituto de Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e integrante do grupo de trabalho que produziu o questionário aplicado na pesquisa, avalia a experiência como uma das pioneiras no país e afirma que estudos desse tipo fazem parte de uma nova área chamada de ‘percepção pública de ciência e tecnologia’, que está crescendo muito em todos os países.

O pesquisador salienta também que os resultados da pesquisa refletem o que os brasileiros, de uma maneira geral, pensam sobre ciência e tecnologia.
Knobel afirma que “o MCT está lançando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da ciência, que certamente possibilitará um fôlego para pesquisas científicas e tecnológicas, e, pela primeira vez, também terá um eixo relacionado com a divulgação científica, o que será um passo fundamental para a consolidação desta área no país”.

Ciência e sociedade

Com base nos resultados da pesquisa, o docente da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), Wilson da Costa Bueno, elaborou um artigo no qual salienta a importância do diálogo da população com os produtores de ciência. Segundo o pesquisador, “o brasileiro tem consciência de que é necessário estar vigilante e participar do processo de tomada de decisões e exige ser informado”.
Bueno argumenta ainda que “os meios de comunicação, os educadores, os governos, os pesquisadores e cientistas deveriam estar atentos aos resultados da pesquisa do MCT: ciência e tecnologia são assuntos de interesse de todos nós e não abrimos mão de participar do debate”.

Abordagens políticas e econômicas

Bueno afirma também que para haver efetivamente uma participação maior da população brasileira nos assuntos sobre ciência e tecnologia é preciso “desmistificar a ciência e os cientistas, ainda vistos como distantes da realidade dos cidadãos” e perceber as conexões entre ciência, tecnologia, economia, política, cultura e sociedade.


O pesquisador avalia que, caso não haja a ligação entre os temas mencionados acima, a produção de ciência será separada da realidade. Para ele, deixar a ciência e a tecnologia em determinados grupos significa manter um processo injusto de exclusão social.


A sociedade financia as universidades privadas e públicas, os institutos de pesquisa e os pesquisadores, portanto, ela tem o direito de saber e de decidir o que estão fazendo com a sua contribuição, avalia Bueno.


O autor diz que “a ciência e a tecnologia não devem ser preocupação única dos que fazem ciência. É preciso politizar o debate e isso nada tem a ver com os partidos políticos que, recorrentemente, voltam as costas para a produção e a divulgação científica”. Ele afirma ainda que se a população soubesse e participasse deste processo, os investimentos seriam maiores, porque o Brasil tem um corpo de pesquisadores de excelência e centros produtores do mais alto nível.


Desenvolvimento científico e o nível de interesse

Por sua vez, ao analisar os resultados da pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, o docente da Universidade do Sagrado Coração (USC), Danilo Rothberg, afirma que 84% dos entrevistados apontam os políticos como a fonte de informações que inspira menos confiança.


O jornalista afirma que “a credibilidade dos governantes advém, ela própria, da maneira como a política é coberta pelo jornalismo, que tende a gerar apatia e ceticismo. E, se o público desconfia da política, tende a não ver nela um meio de gestão das soluções para alguns de seus problemas mais importantes”.


“Rejeição à política desencadeia, por sua vez, outras formas de alienação e desinformação. Uma delas é captada pela pesquisa: 32% dos entrevistados dizem desconhecer o fator principal que determina os rumos da ciência no mundo. Se a aversão à política é um fato, uma decorrência natural é a ignorância sobre a influência da administração pública sobre a produção científica, traço que a pesquisa parece captar”, conclui Rothberg.


Bueno salienta que “a ciência e a tecnologia tem a ver com o desenvolvimento e a soberania nacional e interferem na vida dos cidadãos”. Para o pesquisador, os investimentos nestas áreas são fundamentais, mas devem ser realizados levando em conta o interesse da população.


Sendo assim, para que haja a participação efetiva da população brasileira nos debates sobre ciência e tecnologia é preciso que o público se interesse pelas abordagens políticas, pois é a partir delas que os rumos científicos do país são decididos.


Um comentário:

Alexandra Bujokas disse...

Vivian, este texto está muito longo e sim links nem movimento. É texto de jornal, e essa mídia é um blog!
Sugiro que você:
1. Coloque alguma imagem do documento, se houver. Se não, procure um gif que tenha relação com ciência
2. Divida o texto em três ou quatro posts, relaionados, porém independentes - senão, a pessoa que só quer dar uma olhada, vai desistir do seu texto. Remeta os posts para o documento, se ele estiver disponível na web para qualquer pessoa.
Assim, vai ficar bem melhor!